O
meio ambiente é parte integrante do desenvolvimento na medida em que contem os
recursos necessários para a realização de varias actividades humanas, por isso
o uso destes recursos requer que se obedece a um ritmo que permita a sua
renovação e exploração a longo prazo. Por isso a redução do desmatamento e o
aumento da área reflorestada, a depuraracão e a manutenção da pureza dos
recursos hídricos, a extracção mineira através do uso de boas praticas
ambientais e a contenção da erosão são elementos a concentrar maior esforço, de
modo a conciliar a necessidade de uso dos recursos naturais com a preservação
do meio ambiente (Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província
(2011-2015),Chimoio, Nov. 2011.
Nesta
obra são descritos os principais problemas ambientais da província de Manica de
origem da mineração artesanal, desflorestamento,
aquecimento global, mudanças climáticas, saneamento do meio, da vida doméstica,
entre outros. Além destes, são apontadas também os impactos, consequências da
acção antropogénica sobre o meio ambiente, sobre a atmosfera, o clima,
florestas, água e solos. Tenta-se estimular (sem querer comprometer o progresso
e desenvolvimento socioeconómico) a descoberta e implementação de soluções
sustentáveis, razoáveis para esta situação catastrófica e contra o
desenvolvimento sustentável. O modo simples de apresentar os aspectos,
problemas do equilíbrio ambiental foi com o intuito de tornar a abordagem
acessível a grande número do grupo alvo, nomeadamente; académicos, decisores,
líderes comunitários, religiosos, associações e empresas mineradoras.
A
publicação não se assume como completa, acabada e muito menos perfeita, pelo
que ainda carece de melhorias aos quais o autor agradece atempadamente.
Infelizmente a província de Manica é afectada por vários problemas
ambientais, muitos deles provocados por diversas actividades do homem. Estes
problemas afectam a fauna, flora, solo, águas, ar e outros componentes
ambientais.
Com a presente dissertação pretendemos abordar os
principais problemas ambientais actuais tais como: poluição do ar por gases poluentes gerados, principalmente, pela queima de
combustíveis fósseis (carvão mineral, gasolina e diesel) e indústrias; poluição
de rios, lagos, provocada por despejos de esgotos e lixo, acidentes ambientais
(derramamento de crude/petróleo na nossa costa marítima), entre outros;
poluição do solo provocada por contaminação (agrotóxicos, fertilizantes e
produtos químicos) e descarte incorrectos do lixo; queimadas descontroladas
para abertura de campos agrícolas, abertura de estradas, espaços para
habitação; desflorestamento com o corte ilegal de árvores para comercialização
de madeira e construção de infraestruturas; perda da fertilidade do solo para a
agricultura, provocado pelo uso incorrecto; diminuição e extinção de espécies
animais, provocados pela caça furtiva e destruição de ecossistemas; falta de
água para o consumo humano, causado pelo uso irracional (desperdício),
contaminação e poluição dos recursos hídricos; aquecimento Global, causado pela
grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa; diminuição da Camada de
Ozono, provocada pela emissão de determinados gases (CFC, por exemplo) no meio
ambiente.
As
queimadas têm um efeito devastador sobre os ecossistemas. Anualmente, milhares
e milhares de hectares de florestas são devastados pelo fenómeno de queimadas
sem controlo. As queimadas descontroladas são reconhecidas como um agente que
contribui para os problemas ambientais do tipo; desertificação, erosão dos
solos, seca, alteração do ciclo hidrológico.
O
distrito de Macossa, por exemplo, é reconhecido como o “distrito campeã do
fogo”, dada a frequência sistemática das queimadas descontroladas
particularmente entre os meses de Abril a Outubro.
A desertificação, processo de degradação do solo, com perda
de produtividade agrícola em cerca de 10% devido fundamentalmente à acção
combinada do sobrepastoreio, erosão dos solos, secas prolongadas e mudanças
climáticas. Ocorre em regiões áridas ou semi-áridas que se transformam em
desertos.
Na
actualidade, a exploração Artesanal de minerais se
espalhou pelo planeta e têm trazido muitos benefícios à humanidade. Entretanto,
está na origem de inúmeros problemas ambientais com consequências nefastas
irreversíveis.
Dados da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), indicam que a mineração de pequena escala extraia de 15 a 20%
da produção mundial de minerais não combustíveis é em países em vias de
desenvolvimento incluindo Moçambique. Calcula-se no mesmo estudo que mais de 13
milhões de pessoas trabalham na mineracao artesanal sendo que 80 a 100 milhões de pessoas
dependem da mesma para subsistência.
Em
Moçambique a mineração artesanal foi retomada em Manica nos finais dos anos 80
e desde 1992 até à data, a mineração artesanal tem sido praticada um pouco por
todo o País como recurso para o auto emprego e a melhoria da renda familiar nas
comunidades.
A
Província de Manica tem conhecido um crescimento desregrados desta actividade
facto que tem preocupado os governos locais e a várias correntes da sociedade.
Devido aos inúmeros
problemas ambientais resultantes da mineração artesanal principalmente a ilegal
e devido ao vazio que se nota na definição precisa de acções e
responsabilizações urge a necessidade de desenhar estratégias de gestão da
mineração artesanal na Província.
O
desaparecimento de florestas em contrapartida, pode causar um aumento nas
temperaturas globais, causando alterações nas frequências e intensidades de
eventos de temperaturas extremas, alteração aos microclima e em padrões de
precipitação resultando em secas e estiagem prolongados propiciando bolsas de
fome e insegurança alimentar nas comunidades afectadas.
Características gerais da província de Manica
Localização geográfica astronómica
A província de Manica está localizada no Centro-oeste
do País, ao longo da fronteira com a República do Zimbabwe.
A fronteira de Moçambique com Zimbabwe é
a linha de 1231 km de extensão, que vai do norte do Zimbabwe para o leste do país,
daí indo para o sul. Não tem marcos e
encontramos cidadãos do Zimbabwe a fazerem suas actividades em Moçambique, como
agropecuária, comércio, mineração entre outras, o que propicia algum
desconforto socioeconómico e ambiental para a província de Manica,
principalmente em Machipanda, Penhalonga, Chimanimani, Rotanda, Mossurize.
Astronomicamente a província de Manica localiza-se
entre os paralelos 21º34´07´´ e 16º24´05´´ de latitude Sul; 34º01´47´´ e
32º42´45´´.[1]
Limites
Os limites da
província de Manica são, a Norte a província de Tete, através dos rios Luenha e
Zambeze numa extensão de cerca de 600km; a Sul é limitado pelas províncias de
Gaza e Inhambane, através do rio Save; a Este, separa-se da província de Sofala
numa separação terrestre e a Oeste, faz fronteira com a República do Zimbabwe.
Pela sua localização geográfica, a província de
Manica ocupa um lugar de destaque no contexto económico, pela facilidade na
articulação com o resto do território nacional e com outros países do hinterland.
A província de Manica é atravessada por vias
rodoviárias e ferrovias que ligam o porto da Beira ao Zimbabwe, numa extensão
de cerca de 300km, constituindo o corredor da Beira, e pelo oleoduto que
transporta o combustível (pipeline)
para o Zimbabwe. Tem uma ligação rodoviária com as províncias de Tete,
Zambézia, Sofala e Inhambane, ligando as zonas centro, Norte e sul do País.[2]
Superficie total : 621.661 km².
População : 1.412.248Hab[3]
Densidade populacional : 23 Hab/
km².
Divisão administrativa
A Província de Manica é a segunda menor do País,
a seguir à de Maputo, Administrativamente está dividida em 9 distritos (Guro,
Tambara, Macossa, Barué, Manica, Gondola, Sussundenga, Mossurize e Machaze, 2
cidades (Chimoio – de nível “C” – e Manica – de nível “D”) e 4 vilas
(Catandica, Gondola, Machipanda e Messica)[4].
Destes centros urbanos, três são autarquias, nomeadamente: Chimoio, Manica e
Catandica.
Divisao Amnistrativa de Manica |
Condições físico-naturais
Clima
A
Província de Manica é caracterizada por um clima tropical alterado pela
altitude, com tendência para quente e húmido, com duas estações distintas: uma
chuvosa, de Setembro a Março, e outra seca, de Abril a Agosto.
As
temperaturas médias no verão são de 20ºC e ocorrem em metade da província.
Contudo, as temperaturas mais quentes (25ºC) ocorrem nos vales do Save e do
Zambeze. As temperaturas mais frescas (15 a 20ºC) ocorrem nos distritos de
Gondola, Manica, Mossurize, Barué e nas zonas montanhosas junto à fronteira com
o Zimbabwe (PEDPM, op. cit, p.2).
Precipitação atmosférica
A
precipitação média anual atinge os1.400mm. nas regiões secas, esta não
ultrapassa os 700mm e nas zonas altas do interior pode atingir os 1.800mm.
No
período seco, por vezes aparecem neblinas matinais, características das épocas
de transição entre a estação húmida e seca, ocorrendo principalmente nas
regiões altas, podendo ser acompanhadas de aguaceiros locais e/ou chuvas fortes
(PEDPM, op. cit, p.2).
Relevo
O
relevo da província é constituído por três zonas altimétricas, designadamente
áreas de montanhas, planaltos e planícies.[5]
As
montanhas situam-se essencialmente no extremo Oeste, com mais de 1000m de
altitude, junto a fronteira com o Zimbabwe. É nesta zona que se localizam os
pontos mais altos da província, nomeadamente:
- O
Monte Binga, localizado na cordilheira de Chimanimani com 2.436m, por
sinal o pico mais alto do País;
- O
Monte Gorongue, localizado na Serra de Espungabera com 1.887m e;
- A
Serra Choa, localizada no Posto Administrativo do mesmo nome, com 1.844m.
Aparecem
ainda na província, afloramentos rochosos em forma de inselbergs. Os planaltos
com altitudes que variam entre 200 e 1000m, localizam-se na região Central e
Este, e ocupam cerca de 70% da área da província.
As
planícies, com altitudes que variam de 100 a 200m estão localizadas no extremo
Sudeste da província.
A
província de Manica possui vastas áreas florestais com diversas espécies
nativas e exóticas. Dentre as espécies nativas destacam-se as seguintes: Tabela de espécies e volume no Distrito de
Machaze.
Nome comercial
|
Nome vulgar
|
Nome Científico
|
Pau preto
|
Eviko, Mpingo, Mico
|
Dalbergia melanoxylon
|
Chanfuta
|
Mussosso/Nthama/Muoco/Chene
|
Afzelia quanzensis Welw
|
Monzo
|
Muonzo/Mucado
|
Cobretum Imberbe Wawra
|
Pau ferro
|
Nakuata/Cochococho/Nenha
|
Swartzia madagaccarienis Desv.
|
Chacate-preto
|
Tsotso
|
Guibourtia conjugate
|
Sandalo
|
Xilati, Dzanvori
|
Spirostachys Africana Sonder
|
Chanate/Mopane
|
Legumaxosae/caesalpinoideae
|
Colophospermum mopane
|
Chanfuta
|
Chanfuta
|
Afzelia Quansensis
|
Umbila
|
Umbila
|
Pterocarpus
angolensis,
|
Muonha
|
|
|
Jambire/ Panga-panga
|
Nambir, Panga panga, Piri, Npande
|
Millettia stulhmannii
|
As
espécies exóticas de destaque são o pinheiro (Pinus Pinaceae)[6]
e o eucalipto(Eucalyptus citriodora/Myrtaceae.),[7]
que se podem encontrar principalmente nas zonas montanhosas dos distritos de
Manica, Mossurize.
A
floresta é essencialmente de floresta aberta de miombo com estratos
diferenciados (altos, médios e baixos), favorecendo o crescimento de certas
espécies de animais que se adaptam a cada estrato.
Nas
áreas montanhosas, a floresta é sempre verde devido a abundância de chuvas ao
longo do ano. Nas restantes partes da província, a vegetação é
predominantemente semi-decídua.
Fauna
A
província de Manica possui uma fauna bravia rica em animais de grande e pequeno
porte. Os principais animais de grande porte são os indicados na tabela abaixo.
Nome comercial
|
Nome vulgar
|
Nome científico
|
Elefante africano
|
Ndzou, Ndlovu
|
|
Leão
|
Phondolo
|
Panthera leo
|
Búfalo
|
|
Syncerus caffer
|
Hipopótamo
|
|
Hippopotamus amphibius
|
A
fauna aquática é pouco expressiva e a sua exploração é praticada sob forma
artesanal. Os crocodilos (Crocodylus niloticus) são os principais
animais que existem e encontram-se nos rios Lucite, Zambeze.
Solos
Os
solos da província de Manica compreendem essencialmente os solos
franco-argilosos-arenosos castanhos e evoluídos; solos
franco-argilosos-arenosos vermelhos com camada superficial mais leve; solos
arenosos e solos pesados.
Os
solos com fertilidade baixa a intermédia, em parte delgados, estão localizados
na região Oeste, os quais são susceptíveis à erosão.
Os
francos argilosos-arenosos vermelhos com camada superficial mais leve,
profundidade variável, fertilidade baixa e susceptíveis à erosão, estão
localizados na faixa Central e Norte.
Os
solos arenosos, com fertilidade muito baixa e baixa retenção de água,
localizam-se no Sul e no extremo Nordeste. E, os solos pesados, de difícil
lavoura, localizam-se a Sul da província.
Hidrografia
A
província de Manica é rica em recursos hídricos. Os principais rios correm no
sentido Oeste-este, obedecendo a disposição do relevo. As principais bacias
hidrográficas são:
- Bacia
do Zambeze, no extremo Norte é constituída pelo rio do mesmo nome e tem os
rios Luenha, Nhamakombe e Pompue como principais afluentes.
Rio Luenha visto do distrito de Changara, Tete |
- Pungué
na região central, para além do rio Pungué, tem os rios Nhazónia e Vanduzi
como os principais afluentes.
- Bacia
do Búzi, é constituída pelos rios Búzi, Revué e Lucite
- Bacia
do Save no extremo Sul, tem como principais afluentes os rios Vumaúzi e
Súrué.
Rede Hidrográfica da Província de Manica |
Pode
se também considerar as sub-bacias do Lucite, Luenha e Revué.
Geologia e mineralogia
A
Província de Manica localiza-se numa região com rochas que pertencem ao período
pré-câmbrico, onde estão inseridas várias ocorrências e jazigos valiosos de
ouro, bauxite, cobre, pedras preciosas, asbestos, granito negro, diamante,
carvão, água mineral, como ilustra a tabela abaixo.
Recurso
mineral
|
Localização
|
Ouro
|
|
Água
mineral
|
Manica,
Sussundenga, Mossurize
|
Bauxite
|
|
Pedra
preciosas
|
Manica,
Macossa
|
Diamantes
|
Manica,
Sussundenga, Mossurize
|
Águas
minerais
|
|
Cobre
|
Guro, Tambara,
Gondola
|
Carvão
|
Guro,
Tambara, Gondola
|
Ferro
|
Manica,
Guro, Tambara, Gondola
|
Asbestos
|
Manica,
Sussundenga, Mossurize
|
Granito
negro
|
Manica,
Sussundenga, Mossurize
|
Por
Fernando Nhaca
+282-822966280
+282-844959933
[2] PEDPM, 2011-15,p.2
[3] INE, 2007
[4] Resoluções do Conselho de
Ministros nº 7/87 de 25 de Abril (cidades) e nº 9/87 de 25 de Abril (vilas);
GPM (2007).
[5] PEDPM, op.cit., p.2
[6] Os pinheiros são árvores pertencentes à divisão Pinophyta,
tradicionalmente incluída no grupo das gimnospérmicas. Este
artigo se refere apenas às plantas do género Pinus, da famíliaPinaceae.
São nativos a maioria do Hemisfério
Norte. Na América do
Norte, com diversidade mais alta no México e na Califórnia. Na Eurásia, eles
ocorrem desde Portugal e leste da Escócia até o extremo oriental da Rússia, Japão, norte
da África, o Himalaia com uma espécie formando a floresta de coníferas subtropical, o (Pinheiro
de Sumatra) que já cruzou o Equador em Sumatra. Os pinheiros
são também plantados extensivamente em muitas partes do Hemisfério
Sul.
[7] Eucalipto é a designação vulgar das várias espécies
vegetais do género Eucalyptus,
ainda que o nome se aplique a outros géneros de mirtáceas, nomeadamente dos
géneros Coorymbia e Angophora.
São, em termos gerais, árvores e,
em alguns raros casos, arbustos, nativas da Oceania, onde constituem, de longe
o género dominante da flora. O género inclui mais de 700 espécies, quase todas
originárias da austrália,
existindo apenas um pequeno número de espécies próprias dos territórios
vizinhos da Nova Guiné e
Indonésia, e mais uma espécie (a mais setentrional) no sul das Filipinas.
Adaptados a praticamente todas as condições climáticas, os eucaliptos
caracterizam a paisagem da Oceania de uma forma que não é comparável a qualquer
outra espécie, noutro continente.
`E um artigo bem positivo..... gostei
ResponderEliminarNhaca mais forca
ResponderEliminarMais força aí irmao nosso😂😁
ResponderEliminarGostei
ResponderEliminarGrato Pelo conteudo
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